Por mais sólido que seja esse casamento, pessoa física e pessoa jurídica devem ter as finanças bem separadas. Entenda por que e como se adaptar

É muito comum que empreendedores movimentem contas bancárias da empresa para fins particulares. Seja o pagamento de uma conta de casa, uma comprinha online ou até mesmo “saques” de dinheiro da conta da empresa ou o contrário, o uso o cartão de crédito pessoal para compras de insumos do negócio. Essa prática é recorrente em empresas em que uma cultura de gestão, com regras claras, não é estabelecida.

Empresas familiares que, como o nome diz, possuem pessoas da mesma família no quadro societário, empresas individuais ou sociedades de amigos são um prato cheio para o mau hábito de misturar as contas. Parece inofensivo, já que se trata sempre do “mesmo bolso”, no entanto o costume pode abrigar uma fonte de problemas organizacionais que atrapalham o crescimento do negócio.

Clareza de informações

Já falamos aqui sobre a importância do detalhamento no registro de despesas, então imagina a confusão quando gastos pessoais saem do caixa da empresa, ou vice-versa. A análise dos dados fica inviável e o gestor vai seguir trabalhando no escuro. 

No primeiro caso, ele vai entender que o resultado do negócio não está tão satisfatório, já que a despesa apontada é maior que a real, o que pode atrasar ações e investimentos estratégicos

No segundo caso, quando o sócio compra algo ou paga conta da empresa com dinheiro próprio, a despesa apresentada é menor na análise do resultado – o que pode dar uma falsa sensação de lucratividade.

Em ambos os casos cria-se também um grande problema contábil, já que o pagamento de uma Nota Fiscal deve ser feito pela conta de mesmo nome em que ela foi emitida, seja da pessoa física ou jurídica. Normalmente, os contadores fazem alguns ajustes para “consertar” esses desvios, mas, com isso, colocam em risco as demonstrações contábeis.

Como mudar

Se já te convencemos de que essa prática não te ajuda a ter uma visão clara dos potenciais ou dificuldades da sua empresa, veja como começar a mudar esse hábito:

  • Despesas pessoais pelo caixa da empresa:  a razão principal para esse costume, é quando o dono não estipulou uma remuneração própria e utiliza dinheiro do negócio quando necessário, já que, sendo único sócio, daria no mesmo. 

Se esse é seu caso, chegou a hora estabelecer um valor mensal para retiradas a título de Pro-Labore, e começar a controlar suas contas. Em eventuais necessidades de retiradas extras, você pode lançar como Antecipação de Lucro. Nesse caso, registre e transfira o valor para sua conta pessoal e não direto para o pagamento da despesa. 

  • Despesas da empresa com dinheiro próprio: quando falta recurso no caixa da empresa, é natural que o sócio realize pagamentos direto da sua conta de pessoa física. No entanto, a conduta indicada para manter uma boa cultura de gestão nesse caso é que se faça um empréstimo para a pessoa jurídica, obedecendo algumas regras contábeis que devem ser alinhadas com seu contador. 

Se a demanda for mais imediata e a saída for mesmo realizar o pagamento pela PF, a empresa deve reembolsar o sócio assim que possível, tomando devidos cuidados operacionais: realizando um lançamento na conta correta, mas destinada ao sócio – imediatamente depois do pagamento da despesa por ele. Assim, os controles ficarão corretos, mas vale ressaltar que essa operação não é suportada pela Contabilidade. 

Colhendo os frutos

Após um período de aproximadamente seis meses com esse novo controle financeiro, com as contas pessoais e empresariais devidamente separadas, o gestor poderá produzir relatórios fidedignos sobre o comportamento do seu negócio. 

Além de mais segurança e agilidade na tomada de decisões, essa gestão clara, organizada e confiável reflete em credibilidade na hora de negociar novas estratégias para o futuro da empresa, como em oportunidades de fusão e aquisição. Entre em contato com a BMCE e desfrute das vantagens de uma administração bem estruturada. 

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